Fãs,
Falem-me da dor de perder algo grande. Falem-me de raiva. Falem-me de sofrimento profundo. Ah, a mãe que perde seu filho. O humano que perde seu emprego. A dor de perder um braço! Mas, perder uma pequena coisa, uma coisa boba, aparentemente desimportante, é o que causa mais angústia. Sabe aquela coisinha que você passa dias e dias procurando, que você revisita várias vezes a memória para tentar lembrar onde deixou? Esta perda é a perda que leva à loucura, que faz com que pessoas façam simpatias e promessas. Quando se perde uma mãe, ah, fica a dor da ausência, mas a mãe já está perdida. Agora, quem perde um objeto, um brinquedinho que seja, passará o resto da vida na angústia pensando: um dia ele tem que aparecer, onde eu o deixei!
Digo tudo isto, pois esta tarde perdi minha “vara de pescar gato“. A primeira reação é: Não, ela não sumiu, apenas coloquei em algum lugar que não lembro qual foi. Olhei debaixo da cama, olhei no banheiro, olhei na varanda e nada. A segunda reação é achar um culpado:
– Christieeeeee!
– Que foi, Borginho?
– Onde está a vara de pescar gato?
– Eu sei lá!
– Claro que sabe, Christie, você brincou ontem.
– Mas eu entreguei na sua pata.
– Ah… mas, mas…
Quando se percebe que não se consegue culpar ninguém, cabe entrar em desespero. Caminhei horas e horas pelo mesmo metro de casa em movimento circular, quase fazendo um furo no chão. Entrei em pânico e fiquei falando sílabas nasalizadas.
– Dãnãbãcãdãdãã
– Que isso, Borginho?
– Me deixa, tô nervoso que não consigo encontrar o meu brinquedo.
O quarto passo é apelar para o sobrenatural. E daí que você não acredita em sobrenatural?
– São Longuinho, São Longuinho, se aparecer o meu brinquedo eu dou três pulinhos…
– Ei, Borginho, desde quando você é religioso?
– Religioso?
– É, ainda mais Católico! Eu vi você pedindo pra São Longuinho.
– Está enganada, Christie. Eu jamais falaria isso.
– Borginho, se você mentir o brinquedo não vai aparecer.
– Sai da minha frente.
O quinto passo é esquecer o que está procurando, se distrair fazendo uma coisa qualquer e, de repente, esbarrar com o objeto no lugar mais óbvio do mundo.
– Chrisssstieeeeee, achei!
– Ai, que bom, Borginho, tava onde?
– Ali em cima do armário, ontem eu pedi pro papai pendurar pra eu ficar saltando e esqueci. hehehe.
– Viu, seu cabeça dura! Agora dá três pulinhos aí.
– Aaaah, sai pra lá!
Este é o último passo: negar toda a angústia, todo desespero e até as promessas que foram feitas. Afinal, o objeto já apareceu e isto que importa!
Ass.: Borges, o gato – @borgesogato
Olha lá!! A vara de pescar gato em cima do armário!
Kkkkkkkk verdade, Borginho! Q bom q encontrou! E esse final? Me soou familiar…. cuidado pra não se humanizar demais! É perigoso! Kkkkkkkk <3
Concordo tia, quanto mais se humanizar mais perigoso é..
Hahaha, muito bom!
Ai Borges, desse jeito kkkkkk..Eu sumi minha aliança de namoro uns tempos atrás e sabia que estaria num lugar bem idiota. Procurei, procurei, apelei pro São Longuinho e quando fui lavar a roupa lá está ela dentro do bolso do short..AFF
Lambeijos fofo