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A sacra voltinha

Fãs,

Vejo a falta de reverência com a qual meus pais se jogam na cama para dormir e fico indignado. Eles não sabem que o sono é um ato, ou um não ato, sagrado e, como tudo que é sacro, deve ser cercado por rituais. Quando escolhemos o local do sono, não somos simplistas como os humanos; humanos preocupam-se apenas com a maciez do colchão e com a altura da cama, às vezes. Nós, gatos, buscamos o abraço do sono, o sentimento do embalo de uma canção de ninar. Vocês não sabem, mas todos esses atributos se movem, eventualmente estão perdidos no ar, em objetos, em caixas de papelão e, raramente, em colchões. A tarefa que mais me ocupa, fãs, não é escrever textos para esse blog, não é comer, não é usar a caixinha de areia, é buscar o abraço do sono, busco por ele sempre que estou acordado. Ontem o encontrei na mochila do meu pai, que estava jogada no chão e, respeitando toda a sua sacralidade, antes de me deitar, fiz todos os rituais cabíveis: dei voltinhas e mais voltinhas até me sentir puro o suficiente para ser abraçado por ele.

 

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Após cumprir todos os rituais.
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Pronto para ser abraçado por ele.

 

5 comentários em “A sacra voltinha

  1. Oi Borges! Sou quase um gato, então… posso dormir em qualquer lugar mas em qualquer lugar é um ato sagrado.

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