Fãs,
Meu pai me ensinou desde pequeno que para ser um gato de nobre coração, não só é preciso ir todos os dias ao bosque colher lenha,é preciso assistir diariamente e religiosamente, ao ponto de decorar frases, aos episódios de Chaves e Chapolin. Confesso que pra mim nunca teve o mesmo valor que para ele. Para ele, era como estar na infância infinitamente. Para mim, era uma oportunidade de ficar confortável no colo do meu pai. Chaves, lembra-me o colo paterno, a barriga tremendo de dar risada e a voz grossa antecipando as piadas para provar a todos na sala que sabia o que ia ser dito. Aprendi, por osmose, a cantar todas as músicas e fiquei lânguido com a música de “boa noite” cantada em Acapulco ao redor da fogueira, com as acusações de “ratero” e a trouxinha nas costas. Decorei várias frases e bordões, não exatamente porque amava Chaves, mas porque amo meu pai e queria mostrar pra ele que podíamos amar juntos. Chaves nos une diante da TV e é especial pra cada um a sua maneira. Cheguei a buscar alguns livros sobre o assunto e surpreendi meu pai, lhe revelando coisas que ele não sabia. Me senti orgulhoso! Quando seus amigos vinham aqui em casa, ele repetia: “Borges me contou isso, vocês sabiam?” Papai, feliz, me dizia: “Esse é meu massacote!!” Que é como o Chaves chama os animais de estimação. A princípio eu não gostava muito da palavra, mas isto o fazia sorrir, então passei a gostar. Eu era seu massacote. Hoje, anunciaram a morte do Roberto Bolaños, o Chaves, e a TV que nos fazia rir juntos, deixou meu pai como um norte-americano diante do atentado ao WTC. Papai está ali parado, ainda, imóvel no sofá. Ironicamente, cai aquela chuva de luto lá fora e meus miados saem finos, como um pipipipi.
Ass.: Borges, o gato – @borgesogato
Eu dando continuidade ao Chaves, brinca assim de criança com o papai.



Emocionada!!! Lindo texto…
Lindo texto Borges. Minha infância foi toda ao lado do Chaves e do Chapolin!! Entendo o seu pai!!! <3
Muito linda a homenagem!