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Coisas que parecem que não desaparecem

Fãs,

Li, certa vez, em um livro de medicina, que algumas pessoas quando perdem uma parte do corpo continuam sentindo-a. Sim, sim. Vou exemplificar: Ângelo perdeu a perna em um acidente de moto, mas, meses depois, ele continua sentindo coceira na perna que não tem mais. É como se fosse algo psicológico, uma coceira imaginada por esquecer que a perna não está mais ali.

Quando me mudei para o castelo do Grey, tive que reaprender a andar pela casa. Eu ia em direção ao banheiro para a direita do quarto e esqueci que ele, agora, ficava à esquerda. Na minha mente, ainda estava o desenho do antigo apartamento de Sulacap e não a estrutura dos aposentos reais do Mario Grey.

Certa vez, ainda no apartamento em Sulacap, mamãe mudou a mesa de canto de lugar. Eu levei uma semana para perceber a mudança, pois, na minha cabeça, a imagem pronta da sala com a mesa já estava pronta. Então, eu via sem olhar e para mim nada tinha mudado.

Falo tudo isso, pois neste sábado, quatro de janeiro, foi aniversário do vovô, pai de minha mãe, que morreu em 29 de setembro de 2013. Quando olhamos para o sofá, é como se ele ainda estivesse ali. Mario Grey diz que olha para a mesa da cozinha e o vê sentado comendo e falando alto. Do computador que fica debaixo da escada, conseguimos até ouvir o barulhinho do teclado. E, quando não o vemos, é como se ele tivesse ido trabalhar e nós esquecemos de tudo que aconteceu e ficamos esperando a hora que ele voltará do  para puxar nossas orelhas e fazer carinho nas nossas barrigas. Só que ele não volta.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

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Estamos tão acostumados a ver que vemos até o que não está mais ali. Por exemplo, nessa foto eu não estou, mas vocês estão tão acostumados a ver fotos minhas que me veem.

 

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Grey esquece e espera vovô voltar do trabalho

 

18 comentários em “Coisas que parecem que não desaparecem

  1. meu vovô morreu no final de 2012. e fazia aniversário dia 3 de janeiro, bem pertinho do seu vovô. quando eu voltei do meu aniversário em março de 2013, fui reclamar com meu namorado q meu avô tinha esquecido de mim. pois é, ele não esqueceu, ele só não está mais aqui cmg.

    <3 texto lindo borginho, feliz aniversário vovô do borges, e feliz aniversário meu avô! <3

  2. Amadinho da tia!
    Saudade é uma coisa que dói muito, das mais diferentes maneiras… mas ela passa, e aí ficam apenas as boas lembranças.
    Lambeijinhos para todos vocês.

  3. Borginho e Grey ele estará sempre aí com vcs! E todas as vezes que seu coração pedir ele voltará para aquecer e afagar vcs! Bjos para vcs todos inclusive vovó e mamãe :*

  4. É muito difícil mesmo, Borginho, principalmente nessas datas… com o tempo a saudade vai abrandando a dor dessa ausência. Um poema pra vocês, do amado Drummond, que se chama AUSÊNCIA.

    Por muito tempo achei que a ausência é falta.
    E lastimava, ignorante, a falta.
    Hoje não a lastimo.
    Não há falta na ausência.
    A ausência é um estar em mim.
    E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
    que rio e danço e invento exclamações alegres,
    porque a ausência, essa ausência assimilada,
    ninguém a rouba mais de mim.

    Bjs

  5. Puxa, que triste pro Mario Grey, né? A saudade sempre fica, a gente vai aprendendo a administrá-la. Beijos de nariz

  6. Ah Borges é desse jeito mesmo, senti muito isso quando meu pai morreu!!

    Fico triste pela vovó e o tio Grey, mas ainda bem que eles tem um ao outro, com o tempo as coisas vão ficar mais fáceis..Beijos para a família!

  7. OWN! Chorei ao ler seu texto. Só o tempo mesmo para consolar e fazer passar esta saudade. Enquanto isso, seja bem amoroso com o Grey, assim um vai apoiando o outro e fazendo a mamãe, vovó e os outros humanos ficarem felizes. Lambeijos.

  8. Ai Borginho…emocionei mesmo. Texto lindo.
    Tenho mais isso em comum com a sua mãe.
    Meu pai também já morreu e a saudade ainda aparece todos os dias, mesmo tendo passado quase 8 anos.
    Cuidem-se.

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