Olá, caros fãs, clientes, pacientes.
Quarta-feira, dia de vir ao meu consultório clinicar. Hoje recebo a Ana Santis mãe da gatinha Maria. Vamos ao caso:
O CASO:
Oi, dr. Borges! Não sei se tô mandando o e-mail do jeito certo, mas vejo sempre o divã e tenho minha gatinha com esquisitices que queria que fosse analisada também…
O nome da minha pequena é Maria e vou tentar resumir um pouco da história dela: Maria foi encontrada com a ninhada perto dum lugar onde minha mãe faz voluntariado e é tudo o que sabemos dela, ninguém sabe se ela foi abandonada porque tava prenha ou se ela sempre foi gata de rua, mas o caso é que ela foi achada largada numa caixa de papelão cheia de formiga, magrinha, com os filhotinhos. A princípio a gente ia ficar com um dos filhotes, mas todos foram doados antes, aí a moça que a encontrou ofereceu a “mãezinha” pra minha mãe e minha mãe quis, mas tinha o tempo do desmame, de esperar resultado de exame e de ela se recuperar da castração, enfim… minha mãe meio que esqueceu que se comprometeu de ficar com a gata e nesse meio tempo arranjamos outro gatinho, que na época tinha pouco mais de um mês, e que recebeu o nome de Olavo.
Quando Maria ficou pronta pra vir pra casa, a gente ficou com ela mesmo assim, mesmo que a intenção nunca fosse ter dois gatos (porque já temos mais uma cachorrinha, a Mel, e uma tartaruga). Ela chegou assustadíssima, não comia, soltava pelos aos montes (não o normal de gatinhos, caiam de tufos, mesmo), passou meses escondida em buracos de móveis e em cima de armário, mas com muito amor, paciência, boa vontade, carinho, dedicação, a gente conseguiu alguns progressos, hoje é uma gata extremamente doce, carinhosa, só odeia colo. Só que ela e o Olavo nunca se entenderam e ele briga muito com ela – que tem muito medo dele!
Aí vêm os problemas: primeiro que ela só come acompanhada. Como a gente era leigo na gatice e mais ainda pra criar gato acompanhado, desde sempre as tigelas de comida ficam juntas e em cima da mesa pra cachorra não pegar. Se o Olavo vai comer, a Maria não come, porque ele não deixa. Se o Olavo não vai comer, ela vem chamar alguém pra ficar do lado dela. Só que isso me preocupa porque nem sempre tem gente em casa pra esperar nossa princesinha se alimentar… já tentei trocar a comida de lugar, mas eles não pegam.
Depois, tem a questão dela com a gente. Ela vem até a cozinha, a sala onde fica o computador, no máximo o corredor de casa, mia, mia, mia, roça nas pernas, mas é só tentar dar carinho que ela foge (na maioria das vezes, às vezes ela só quer isso mesmo). Ela passa bastante tempo deixando a gente coçar a barriguinha e cheirando nossa mão, mas às vezes simplesmente fica se esfregando nas nossas pernas e fugindo quando a gente dá atenção. Por queee, dr. Borges?
E, por fim, ela ainda é extremamente assustadiça. Morre de medo quando a gente pega vassouras, morre de medo de barulho, morre de medo quando alguém faz movimento brusco do lado dela. Isso passa?
Acho que faltou a informação: quando ela veio pra casa, tinha por volta de 2 aninhos, pelo que estimou o veterinário. Faz um ano e meio que ela veio, e mais ou menos uns 6 meses que conseguimos alguns progressos – por exemplo ver ela se sentindo confortável dentro de casa, porque antes ela só ficava no quintal.
Bom, pode resumir se quiser! Tentei ser breve!
Vou mandar fotos dela pra todo mundo ver como é uma princesa de linda!
Mto obrigada!
Ana Santis
ANALISANDO:
1 – A gatinha só come acompanhada;
2 – “Ela vem até a cozinha, a sala onde fica o computador, no máximo o corredor de casa, mia, mia, mia, roça nas pernas, mas é só tentar dar carinho que ela foge.”
3 – “É extremamente assustadiça. Morre de medo quando a gente pega vassouras, morre de medo de barulho, morre de medo quando alguém faz movimento brusco do lado dela. Isso passa?”
Destacados estes três pontos, vamos à solução:
SOLUÇÃO:
Cara tia Ana, seu caso é um dos mais bonitos do Divã, acho que não há tanto o que corrigir. As família são complicadas mesmo, irmãos brigam com irmãos, pai com mãe, sobrinho com tio, mas no final todos se amam. É importante dar tempo ao tempo, pois ela passou dois anos na rua, vai precisar de mais de dois anos para superar este tempo de dificuldade.
1 – Se ela só come acompanhada, é importante que vocês façam companhia a ela. Quem é que gosta de comer sozinho? Eu não conheço ninguém. Que tal colocar a cachorra Mel para acompanhá-la? E por que não a tartaruga? Isso! Deixe a tartaruga do lado do pote de comida para fazer companhia a ela. Ou, que tal fazer um espantalho e deixar lá? A Maria é o oposto dos corvos, enquanto eles fogem de tudo que pareça um humano na hora de comer, a Mel só come com um humano por perto. Vale a tentativa.
2 – Ela é uma fêmea dominante. Só come com vocês do lado e vocês ficam, de fato, do lado. Logo, ela está mostrando quem manda na casa. E carinho, ela ganha só quando quiser. Ou seja, é assim a lógica: ela quer, ela busca carinho. Vocês querem dar carinho, ela foge. Então, aprendam a obedecer, pois humanos são muito desobedientes. Anotem aí: carinho, só quando a Maria quiser.
3 – “É extremamente assustadiça. Morre de medo quando a gente pega vassouras, morre de medo de barulho, morre de medo quando alguém faz movimento brusco do lado dela. Isso passa?” Não, tia. Não passa. Isso melhora. Com o tempo ela vai ficar mais tranquila, mas é inegável que alguns traumas da rua não melhoram nunca, só vão criando casquinha. Mas, o tempo dá jeito em tudo. Com o tempo você vai ver que ela vai ficar amiga do Olavo, da cachorra, da tartaruga e quem sabe, com muito costume, ela se torne amiga até da vassoura. O fato é que ela deu sorte de cair em uma casa acolhedora e que espero que seja bem obediente para atender à essa gatinha que é o avesso de um corvo.
Mais um caso resolvido.
Ass.: Borges, o gato – @borgesogato
Essa paciente eh uma gaattaaaa !!!!
Gente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Que gatinha mais linda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bom, os problemas da Maria são os mesmos dos meus gatos…
Aliás, os meus se assustam até com a minha cara de manhã! kkkkkk
E Dr. Borges, vc brilhou com sua análise! Lacan e Freud estão agora batendo palmas para vc!
😉
Mamãe Ana, se você tiver oportunidade de assistir, existe um programa de um adestrador de gatos que passa no animal planet sábado às 21 horas que se chama meu gato endiabrado. Ele cuida de vários casos como o seu e os gatos chegam ao ponto de dormirem juntos no final. Vale a pena tentar usar umas dicas no seu dia dia pra ter uma família harmoniosa. Beijos e boa sorte!
Ahh, eu já vi esse programa, mas não tenho o canal em casa :/ queria ter, porque achei demais! XD
Que linda é a Maria. Borginho, concordo, acho que a cachorrinha ou a tartaruga devem acompanha-la nas refeições, rs… Lambeijos.
Mas que bom, Borginho, que a Maria, na verdade, é bem normal, só precisa de um tempinho. Ela é linda! ♥
A diva do divã a Maria. Ela é linda! Como disse brilhantemente nosso muso,só o tempo vai diminuir esses traumas da Maria linda. Borginho, parabéns pela análise. Brilhante !
Ahhh, minha menininha aqui, que lindaaa!
Obrigada, Borginho, adorei a análise e gostei muito da sugestão de colocar os outros bichos pra comer com ela – provavelmente a tartaruga, porque colocar a Mel em cima da mesa é meio difícil. E seremos todos obedientes (continuaremos sendo, né hehehehe), Maria continua ditando as regras até ela se sentir completamente em casa!
E obrigada pelos comentários, não é porque sou mãe coruja, mas ela é linda mesmo *-*
Que gata mais linda gente, nossa fiu-fiu!!
Adorei a parte do corvo hehehe;mas fique calma tia Ana, ela viveu na rua e sabe-se lá o que aconteceu com ela, talvez ela ainda tenha a memória de algumas coisas ruins e tenha medo que volte a acontecer mas com o tempo ela melhora,basta paciência e amor!!
Menina linda demais mesmo!
Agora Borginho ficar amiga até da vassoura… tu é muito palhaço viu? kkkkkkkk
Analise brilhante como sempre.