692

Dívida antiga

Fãs,

Ainda da época que Hermínia era uma gata que habitava meus pesadelos e meu lar: papai prometeu-me: um dia vou te levar ao quarto da bagunça por onde passou Hermínia, pode deixar. Só que pais são assim, com a mesma facilidade que prometem, esquecem. Eu iria além, acho que pais mentem por prazer. Senão, por que eles inventariam o Papai Noel, a sementinha que engravida, o Velho do Saco e outras coisas mais? E assim foi com o meu pai, inventou que me levaria ao mágico quarto da bagunça. Pois, dia após dia, miei nos ouvidos paternos: “quarto da bagunça! quarto da bagunça! quarto da bagunça!” Papai não era vencido. Porém, desde a madrugada de ontem acampei na porta do quarto e disse que só sairia quando ele abrisse. E, abriu. O ranger da porta me encheu de prazer, vi aquele mundo mágico cheio de coisas inúteis, velhas, rasgadas, fora do lugar, coisas valiosas que estão esquecidas, coisas quaisquer, coisas que contam a história da casa, da família, a própria história e achei um petisco velho, com validade vencida que papai arrancou da minha boca, jogou fora e me retirou do quarto. Mas aqueles preciosos segundos, sendo parte da bagunça, serão eternos.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

691

692

2 comentários em “Dívida antiga

  1. Olha Borginho, vou te contar que aqui em casa também existe o tal quarto da bagunça, e é o pesadelo da minha vida, afinal não consigo por ordem nunca!

Deixar um comentário