Fãs,
Há gatos que deveriam ter asas, como eu. Há gatos que deveriam ter brocas para perfurar a terra, como minha irmã. Há gatos de ar. Há gatos de terra. Há gatos que admiram as alturas, sentir o vento que vem de longe, que gostam de ver tudo de cima. Há gatos que se enfiam em qualquer buraco, que adoram ficar escondidinhos, quase sumidos. Há gatos que adoram a luz. Há gatos que adoram a penumbra. Há momentos do dia em que o sol se encontra com a luz, que não se sabe se é dia ou se é noite. São trechos da tarde. São trechos de madrugada. Sou um gato de ar. Minha irmã é uma gata de terra. Mas nos encontramos sempre, como ar e terra se encontram. Como dia e noite se encontram. Nos encontramos no meio do caminho, essa coisa assustadora, que não é só um e não é só outro, que não se pode definir, como Deus.
Borges, o gato – @borgesogato
Borges, assim vc nos tira o fôlego… Uns do ar, outros da terra… e sou uma humana do fogo…
Delícia, ler um texto quase filosófico antes de dormir! Amo vc Borginho!
Lindo demais!