Imagem ideal

Fãs,

Continuo revirando a caixa de presentes que a tia Paola Limeira me deu de aniversário. A cada patada na caixa, tiro uma surpresa.

Em sua carta:
“Ainda não nos conhecemos pessoalmente e, pelo jeito, como você é, só indo bater na sua porta para isso acontecer.” (LIMEIRA, Paola)

Curiosa frase. É verdade, não nos conhecemos pessoalmente, mas ela sabe como sou. Sinais dos nossos tempos, pois há alguns anos isso não seria possível. Se pensarmos em séculos, então, sequer por foto enviada em carta ela me conheceria. Mas o importante é que conhece, não a textura do meu pelo, não o frio do meu nariz, não o cheiro do meu bafo e essas coisas que só a proximidade permite, mas conhece. Conhece a ponto de me desenhar, de reproduzir meu retrato e de olhar nos meus olhos através dele. Me imortalizou ali, em quadro, de alguma forma que ela acha que sou, de alguma forma que alguma foto me mostrou. Talvez um dia me veja e pense: Borges é maior do que pensei, Borges é mais gordo, Borges é mais antipático. Talvez também nunca me conheça. Talvez melhor assim, pois os quadros, as fotos, têm algo de ideal e de imortal que morre logo no primeiro segundo de presença.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

Ah, alguns fãs queriam o caderno feito pela tia Paola. O contato dela é esse aqui: demode.love@gmail.com