Mário, que Mário?

Se você não leu, antes de ler este texto é bom que leia os episódios anteriores desta pequena série: “Onde está?“, “Coisas importadas”, “Smurfs felinos“ , “Achamos o Grey” e “Revelações maniqueístas.“

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Olhamos para um lado, olhamos para o outro e quando meus olhos bateram no parapeito, lá estava ele: O smurf do Grey!

Me escondi debaixo da cama e Christie começou a fazer fuuuzzz. Os outros smurfs ficaram ali mesmo, parados, como se fossem apenas de biscuit. Smurf Grey começou a gritar:

– Não se preocupem, não se preocupem! Eu não lhes quero mal.

– Então por que você prendeu meu tio? – Falou a Christie.

– Eu não prendi ninguém. Falou o smurf Grey.

– Não seja mentiroso, nós vimos o Mario Grey preso. – insistiu a minha irmã.

– Não fui eu!!

– Não? Então quem foi?

– O Grey de biscuit do mal!

– Quem é esse?

– É uma longa história. Eu e os outros gatos de biscuit viemos em uma caixa juntos. Dentro da caixa eu, o Grey de biscuit do bem, tive uma grande guerra contra o Grey de biscuit do mal. Nos enfrentamos pois o mundo é pequeno demais para dois Greys de biscuit, já chega sermos apenas a cópia do Grey real. Nesta batalha, que só não foi sangrenta porque somos de biscuit, o Grey do mal arrancou uma de minhas orelhas.

– Nossa, que história tenebrosa e esquisita. – falei eu.

– E o que nós temos com tudo isso? Vocês que são de biscuit que se entendam. – Christie falou.

– Com licença, senhor Grey de biscuit. Preciso falar com minha irmã em particular. – disse a ele e puxei a Christie pela pata.

No canto do quarto, falei baixinho para minha irmã:

– Christie, percebe a importância desta guerra?

– Percebo, vai fazer a gente dormir menos nessa noite.

– Nããão! É quase tão importante quanto isso!

– Vai fazer a gente comer menos?

– Não!

– Então não sei.

– Christie, Christinha. Essa guerra decidirá o destino e a personalidade do nosso tio.

– Como assim?

– Repare bem: há duas cópias do Grey duelando, uma do bem e outra do mal. Se só uma delas pode ser vencedora significa que o Grey só pode ter uma cópia e se ele só tem uma cópia, ele tem que ser parecido com a cópia, pois toda cópia é (ou pelo menos deveria ser) similar ao real. Se a cópia má vencer, significa que o Grey é mau, se a cópia boa vencer, significa que ele é bom. Entendeu? É a cópia determinando toda a identidade dele, é a inversão da filosofia platônica no mundo felino.

– Aaaaah…

– Entendeu?

– Não.

– Bom, não importa. O importante é que o Grey do bem tem que vencer, pois isto significará que o Grey é bom, senão não poderia ter uma cópia boa.

– E como vamos fazer, Borginho?

– Ora, vamos nos juntar a eles e enfrentar o Grey de biscuit do mal.

Momentos depois, nós, os gatos de carne e osso e os três gatos de biscuit descemos as escadas em direção ao Mario Grey do Mal. Ele estava diante da caixa de transporte onde aprisionava meu tio Mario Grey. Quando ouviu nossas almofadinhas pisando o chão, se virou em nossa direção. Mario Grey do Mal de biscuit ficou diante de Mario Grey do Bem de biscuit. Olho no olho. Parecia um duelo de Velho Oeste. Restava saber quem iria vencer.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

 

 

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