Namorados

Fãs,

Perguntam-me sempre através do meu ask: “Borginho, você tem namorada?” Não! Não tenho, fãs. De que serve uma namorada a um gato castrado? Se eu ainda estivesse naquela juventude romântica, mas já sou um adulto de quase 2 anos e  não tenho mais nenhum romantismo em mim. Namoro os livros, namoro as caixinhas de papelão, namoro os sachês. Uso a palavra namoro nesses casos, só para lhes agradar, pois poderia dizer “amo”, “são essenciais” ou outra coisas do tipo. Os românticos são muito exagerados: entregam milhares de flores, escrevem cartas infinitas, repetem os mesmos chavões. Só uma pessoa estando mesmo apaixonada para gostar de um romântico. Por que, fãs, convenhamos, há que se estar doente de amor para gostar de alguém que mata flores só para oferecer seu cadáver vegetal a outra pessoa, há que amar muito mesmo para gostar de alguém que escreve cartas com aquelas mesmas bobeiras otimistas de sempre, há que amar demais para gostar de alguém que fala chavões de 10 em 10 minutos como “o que Deus uniu ninguém pode separar”, “Juntos pra sempre”, fora os apelidinhos, piores que apelidos de gatos. Ah, fãs, tenho pouquíssima paciência com os apaixonados, tenho pouquíssima paciência com os amantes, tenho pouquíssima paciência com os que falam chavões. Principalmente quando eles são meus pais e querem me deixar trancado do lado de fora do quarto porque é dia dos namorados.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

Foto de Renéé D’Ávila – Contato profissional: reneefotografa@gmail.com

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