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O cientista e o gato

Olá, fãs!

Testo hoje novas formas de me comunicar. Este texto também possui áudio.

Dormi, comi, brinquei e escrevi este diálogo junto a um desenho que fiz para ilustrá-lo. 

——

– Einstein, não me olhe assim. Você sabe que amo os animais. Até em casa agora serei julgado?

– Miau.

– Espero que não esteja acreditando em tudo que dizem estes zooxiitas.

– Miau.

– Claro que havia uns beagles, mas convenhamos… cães! Eram cães. Você sequer gosta deles, não é verdade?

– Miau.

– Então, pare de me olhar com estes olhos acusadores. É tudo em prol da ciência, de um bem maior.

– Miau.

– Está certo que, de fato, vocês não são exatamente os maiores beneficiados, mas é graças a espécie humana que vocês se tornaram animais domésticos.

– Miau.

– Sempre foi assim, desde que o mundo é mundo. Uns animais predominam sobre os outros. Na Bíblia está escrito ao homem: “dominai sobre todos os animais da criação.”

– Miau.

– Tá, tá, confesso que nunca acreditei na Bíblia, não quero ser conveniente agora. Mas a ciência por mais que seja melhor para uns que para outros, ela salva vidas!

– Miau.

– Às vezes, só às vezes, a indústria farmacêutica beneficia apenas os ricos, ok… bom, às vezes que eu digo é quase sempre! Mas você vai querer me dizer que a vida do rico vale menos?

– Miau!

– E você, Einstein, olhe para o seu próprio rabo! Você foi castrado, vacinado e toma remédios graças a testes em animais.

– Miau.

– Sei… sei bem que você nunca pediu pra ser castrado e vacinado… é, sei bem que você sequer queria. Mas claro que era para o seu bem.

– Miau.

– Ora, Einstein. Mas e as rações e sachês que você come? São carne! Carne, Einstein! São animais mortos! Você come animais mortos, Einstein!

– Miau.

– Ok, ok… admito que você só come o necessário para sobreviver, que não faz maquiagem com os testes. Mas o que você quer dizer?  A estética é menos importante que a fome? Imagina! Como eu teria ficado casado com a Aline por 20 anos se não fosse a maquiagem?

– Miau.

– Ah, mas e as mosquinhas que você caça? E as baratas, Einstein? Outro dia vi que você matou uma barata e sequer a comeu? E o percevejo que você matou e deixou lá no meio da sala?

– Miau.

– Ah, você se acha fofo e merecedor de privilégio só porque não transmite doenças feito uma mosca, não é sujo feito uma barata e não fede como um percevejo? Só por isso?

– Miau.

– Graças aos testes, eu não tenho chulé. Cecê! Sabe o que é cecê, Einstein? Catinga de sovaco? Se não fossem os testes você agora estaria sentindo meu fedor, Einstein!

– Miau!

– Eu sei… sei que você gosta do meu chulé. Mas a Aline não gostava, Einstein!

– Miau.

– Ah, Einstein, mas eu não gosto de matar animais, Einstein! Odeio quando dizem que faço por prazer. Nunca fiz!

– Miau!

– A ciência! Ela nos permitirá viver cem, duzentos, trezentos anos, Einstein. Cada vez mais nós humanos venceremos as doenças. Venceremos a morte, Einstein.

– Miau.

– Eu não posso viver 15 anos como você, Einstein. Não posso.

– Miau.

– Me abraça, Einstein, vem no meu colo, filho Eu só faço isso porque tenho tanto medo de morrer… me abraça.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

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8 comentários em “O cientista e o gato

  1. Nossa! Livro com disquinho! Tinha um verde q era meu xodó! Gostei do seu desenho! O texto? Sempre especial! <3

  2. Puxa, Borginho, que legal, adorei! Frufru e Fifi estão até agora procurando o gatinho que estava miando aqui na sala… rsrsrsrsr…

  3. Belo diálogo e realmente cheio de algumas boas verdades…Como o medo; a indústria farmacêutica só fatura trilhões por ano pq as pessoas tem medo de morrer e sofrer..
    Meu irmão mesmo está com problemas de pressão alta e toma remédios achando que vai salvar a vida dele,mas se continuar deitado na cama o dia inteiro só engordando e sem fazer exercícios alguém acha mesmo que remédio salva? Se mudasse a alimentação e fizesse exercício iria se livrar dos remédios, Mas pra que? Se deitado na cama está tão bom?

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