Olá, fãs;
Não escrevo diários. Não digo que nunca tenha tentado. Já até comecei alguns, mas após a primeira semana sempre desisto. Desisto, pois os dias sempre me pareciam tão iguais:
“Amado e idolatrado diário,
Hoje, acordei meus pais às 6:30 da manhã dando saltinhos em suas barrigas. Às 7 horas, comi ração. Às 8, defequei e enterrei quase tudo, deixei um bolinho de fora para assustar a Christie quando ela fosse à areia…”
Nesta rotina previsível, preferi narrar a vida alheia. Fico na janela o dia inteiro. Já de manhã, peço à minha mãe: “Não esqueça de deixar a janela aberta.” Quando meus pais chegam do trabalho, perguntam-me: “Como foi o dia, Borginho?” E eu não conto mais sobre meus lanches, cocôs e xixis. Conto sobre a vida da vizinhança: “Hoje, a vizinha do 302 estava com um vestido verde e parecia um alface. O senhor do 415 arranhou o carro na pilastra.” Por aí vão minhas narrativas que aqui resumi em uma frase, mas são cheias de personagens e orações subordinadas. Hoje, entretanto, ao subir na janela, vi uma cena muito peculiar. O gatinho amarelo que mora na igreja ao lado recebeu comida da tia que alimenta os animais. Outra vinha ao longe e fez o cumprimento da Gatidade para ela: cotovelo e munheca dobradas. Contei para meus pais: “Hoje vi uma tia fazendo meu cumprimento!” Papai e mamãe se admiraram. E eu fiquei imaginando se elas comentassem aqui no blog assim: “fomos nós!” Por isto que não escrevo diários: diário é uma história que se escreve sozinho e blog se escreve junto.
Ass.: Borges, o gato – @borgesogato



quem serão essas tias??
Pensei a mesma coisa hahaha mas acho que máquina desfocou a tela (esperança).
Cadê a tela na janela?
Ahhhhhh que texto mais coletivo de lindo Borginho! *_*