Olá, fãs!
Sonho com o dia em que me reificarei e tornar-me-ei um móvel. Quando digo móvel, digo um móvel imóvel e não um automóvel. Móvel como um armário pesado, uma escrivaninha antiga, um piano de cauda. Quero ficar parado uma eternidade, estático, dormir vivo para aproveitar a vida em sua imobilidade.
Tenho por hábito, parar diariamente entre o ventilador e o aparador da sala. Atrás, ficam fios que passam de um lugar pra outro. Fico ali, pela falta de nobreza do lugar, um espaço ínfimo e sem utilidade. Estático: pareço tão importante, caro e brilhante quanto uma luminária de piso. Gosto quando humanos passam pela sala e já não me veem, pois me acham integrados à paisagem. É como o abajur, está sempre ali que se o retiram, um dia, as pessoas continuam vendo-o. Os humanos pejorativam os objetos: “mulher objeto”, “homem objeto”, os gatos não: os gatos enaltecem a reificação, pois ser coisa é muito mais próximo de ser eterno do que ser um ser vivente.
Ass.: Borges, o gato – @borgesogato
Ah, Borginho, como disse Viviane Mose, num documentário sobre Manoel de Barros, “Poesia é uma coisa que te cala”. Sem mais… <3
É mesmo.
Vcs gatos têm mania de ficar paradinhos em alguns lugares, como se fizessem parte da decoração.
😉
Gente de Deus! Esse texto foi inspiradíssimo! Gostei demais da conta! Beijocas, meu lindão.
Muito. Parecem estátuas e nós a contemplar.
Ventilador maluco esse kkkkkkkk