O mundo é mudado pelo meu andar

Fãs,

Mamãe diz que sou medroso, pois ando agachadinho, piso com as patas abertas, pernas afastadas, olho para um lado e para o outro e sigo rápido. Papai e mamãe riem de mim. Christie também. Riem, pois eles não entenderam que covardia é sinal de longevidade. Não conheço um covarde que tenha morrido cedo. Pensando bem, eu não conheço ninguém que tenha morrido. Ah, mas pensemos nas histórias, vejam, os valentes morrem antes. Mas não é que eu seja sempre covarde, sou muito valente! Valente ao atacar as formiguinhas, mariposas, percevejos e outros seres terrivelmente assustadores. Quando vou me aproximar deles, abaixo, coloco as orelhas para trás e vou devagarinho. Depois da caça, fico me sentindo um gladiador. Estufo o peito e me vanglorio: ah, sou um caçador! E aí, mamãe olha orgulhosa, papai bate no peito e diz: esse é meu garoto! E Christie fala que quer ser igual a mim quando crescer. Ah, povo bobo, não sabe que ser covarde tem muito mais méritos. Mas eu mudo a percepção deles assim, só pelo meu jeito de pisar no mundo. Pois mamãe, quando dá um trovão e eu piso feito um medroso, ri-se de mim. Porém, quando eu mato um bicho que mamãe tem muuito medo, piso forte no chão, sou corajoso. Mamãe tem coragem com raios e medo de baratas. Nunca vi alguém morrer vítima de baratas, mas já ouvi falar de raios. Vai entender! Sorte que ela tem a mim para protegê-la das baratas e eu tenho a ela para me agarrar quando dou pisadinhas de medo com minhas almofadas no chão ao ouvir um “booom!”.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

Foto de Renéé D’Ávila – Contato profissional: reneefotografa@gmail.com

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