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Os gatos do beco

Fãs,

Hoje, Pessoa veio me fazer peguntas existenciais, típicas dessa época da vida.

Borginho, quantos gatos existem no mundo?

Infinitos.

E onde ficam esses gatos?

A maior parte deles nas ruas.

E eles devem ser felizes lá, não é? Eu vejo parte da rua da janela, parece tão bom.

Pois aí, fãs, contei toda minha história para Pessoa, do Campo de Santana até as páginas da internet, passando pelo programa da Fátima Bernardes, pela Revista Veja e pelo O Globo de domingo. Contei a história da Christie e contei a história da própria Pessoa. Contei também, as histórias que ela conseguiu ouvir, dos gatos de rua que são exatamente como nós, que são inteligentes como nós, fofos como nós, carinhosos como nós, mas sabe-se lá o porquê, continuam vivendo nas ruas, nos becos. E Pessoa falou: “já ouvi dizer que são gatos felizes, malandros, livres” E eu expliquei a ela que a malandragem é um jeito de esconder a tristeza. Que todo malandro, no fundo, é um triste, é alguém que se contentou, por não ter reino, em ser rei dos desreinados, um barão da ralé. E Pessoa se imaginou na rua, sem pai, sem mãe, sem irmãos, apenas um chão e uma parede e percebeu que seria muito malandra, mas ainda bem que não precisava.

Ass.: Borges, o gato

 

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Pessoa se imaginando gata do beco

3 comentários em “Os gatos do beco

  1. Fiquei triste, Borges… são gatos, cachorros, aves, coelhos, humanos adultos, velhos… essa semana tinha até um porco… o abandono é muito triste… e às vezes parece que só aumenta… tempos tristes…

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