Os olhos

Fãs,

Mamãe fechou-me os olhos:

– Filho, você precisa ver menos com os olhos e mais com o coração, assim você dará mais valor às coisas realmente belas.

– Mas mamãe, dizem justamente que o que os olhos não vêem o coração não sente.

– Esqueça os olhos, filho, o importante é o coração.

– Ah, não, mamãe! Abra meus olhos, deixe-me ver o mundo, pois através deles é que alimento meu coração.

– Não, filho. Descanse estes seus olhinhos de lince, vamos trabalhar outros sentidos: o tato, sinta a massagem que vou dar nos seus olhinhos, veja-a com seus olhos do coração.

– Ah, não, mãe. Se o coração quisesse enxergar com seus olhos ele teria olhos de fato e eu não teria dois na cara.

– Ai, Borges. Você é um chatinho… pode sair então, não vou mais fechar seus olhos.

– Mamãe, estava pensando.

– Em que?

– Quero presentes!

– Presentes?

– Isso.

– O quê?

– Uma biblioteca nova, um arranhador daqueles bem imensos que se pode subir em cima, quero também um sofá só meu, deixe-me ver que mais…

– Tá doido, Borges? Estes presentes vão custar os olhos da cara.

– E qual o problema, mamãe? Fique com os seus do coração.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato