79

Sem fantasmas

Fãs,

Os olhos escondidos na noite eram só os da Christie. O vento derrubou a vassoura. As gotas caíam da torneira fazendo um barulhinho infinito. Uma coruja cantou à esquerda da casa. Morcegos dormiam na garagem. O relógio marcava o compasso do tempo.

De dia, o sol saiu. A casa estava clara e vazia. Meus olhos de gato nunca viram fantasma algum. Apesar dos mitos, dos poderes mágicos que atribuem a nós felinos, tudo que vi era natural. Natural como nascer, natural como morrer, natural como tomar banho de sol.

A noite voltou. A casa foi se enchendo aos poucos. O barulho da televisão. Grey dormiu o dia todo, não se ouviu passo, acordará amanhã. Minha irmã e eu brincávamos com as sombras e não contávamos histórias de mistério, tampouco de fantasmas, contávamos um ao outro histórias alegres e bobas daquelas que acabam com “e viveram felizes para sempre”. Há dias que são dias de viver histórias, há dias que são dias de contar histórias que outros viveram.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato

78
“Os olhos escondidos na noite eram só os da Christie.”
77
“Natural como nascer, natural como morrer, natural como tomar banho de sol.”
79
“Grey dormiu o dia todo, não se ouviu passo, acordará amanhã.”

 

11 comentários em “Sem fantasmas

  1. “Natural como nascer, natural como morrer, natural como tomar banho de sol. ”
    Natural com amar vc e seus textos, Borginho…
    🙂

  2. Como está Mário Grey? E a vovó? E a sua Mamys? Possam estórias alegres preencher seus corações da ausência inevitável!

Deixar um comentário