Tédio, corpo da vida

Fãs,

O tédio é o corpo da vida. Pessoa, jovem, ainda não aprendeu isso. Imaginem a vida só catnip, só correria, só saltos. A vida só tem a emoção do salto, a adrenalina da correria, a graça do catnip porque há tédio. Uma vez ouvi a história de um gato que viveu o seu momento mais feliz da vida, quando andou até o pote de ração. Todo o resto que viveu tinha sido sono, tédio. Não se levantava sequer para comer, sua dona lhe levava comida na mão. Gatos são assim, param no mundo para tornar qualquer movimento emocionante. Lembro a emoção que é balançar o rabo. Lamber a pata, então, quase um exercício. Pessoa está deixando a fase infantil e entrando na fase adulta, em que tudo já conhecemos e nada fazemos. Vida e tédio se tornam sinônimos e não há gato que ache tédio uma palavra pejorativa, é apenas uma forma de ser. E até minha escrita tenho achado tão entediante, logo, tão felina. E sou daqueles autores que querem causar sono nos leitores, tédio… pois afinal, quem foi que disse que isso é ruim?

Ass.: Borges, o gato