Xadrez

Fãs,

Meu pai tem um tabuleiro de xadrez, comprado na Bolívia, que substitui as peças brancas e pretas por incas e espanhóis. Passamos a tarde inteira e o começo da noite nesse confronto: eu inca, ele espanhol. Xadrez é um esporte bastante felino, primeiro porque é imprevisível, segundo porque, diferente do futebol que requer total atenção, dá para dormir entre uma jogada e outra. Então, eu movia minha pedra com a boca e tirava um cochilo, enquanto meu pai pensava e repensava toda a estratégia dele. Outra coisa muito felina é que ganha quem come mais e, nós gatos, particularmente, somos especialistas nisso. Minha estratégia consistia em imaginar que cada peça do jogo do meu pai era um grão de petisco, assim, eu partia para cima delas com toda a fome. O jogo acabou quando, após 3 horas e meia de duração, meu pai precisou ir ao banheiro e, quando voltou, seu tabuleiro estava com menos uns dois espanhóis. “Que foi isso, filho?”; “Não resisti e comi as pedras. Acho que foi um xeque-mate”.

Ass.: Borges, o gato – @borgesogato